sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O ENCONTRO DO FAXINEIRO COM O METALÚRGICO


ENTREVISTA NO JORNAL O MOSSOROENSE 14.09.08 CADERNO UNIVERSO

Josivan BarbosaDe família humilde, Josivan Barbosa Menezes Feitosa, 45 anos, traz uma história de vida marcada por sofrimento e superação. Natural da localidade rural de Apanha Peixe, Caraúbas/RN, veio para Mossoró no ano de 1975. Uma vez instalado na cidade, chegou a trabalhar como camelô, embalador em supermercado e faxineiro na então Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), atual Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) onde hoje atua como reitor. Acolhido por Mossoró, Josivan formou família, é casado com a advogada Maria Ariget Menezes e tem dois filhos, Bruno e Renata, de 14 e 17 anos, respectivamente. Nesta entrevista acompanhe o relato de uma vida difícil, mas lapidada com estudo e perseverança.ADRIANA MORAIS adriana.morais20@hotmail.comO Mossoroense - O senhor tem uma bonita história de vida. Soube que começou na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) como faxineiro. Poderia nos contar como foi essa vivência desde a sua infância até se tornar reitor de uma instituição federal?Josivan Barbosa - Nasci numa família de onze filhos e meu pai era bóia-fria, e como todos sabem um bóia-fria não tem um metro quadrado de terra e presta serviço só quando aparece alguma coisa. Já a minha mãe fazia vassoura de palha para vender. Nossa situação financeira era muito difícil e a minha família não era apenas pobre, ela era extremamente pobre. Morávamos num pedacinho de terreno numa casa de taipa, que tinha as portas e janelas de talo de carnaúba. OM - Quando veio para Mossoró?JB - Vivi com meus pais até os nove anos de idade em Apanha Peixe, na cidade de Caraúbas. Tive a sorte de uma irmã minha vir para Mossoró. Depois de se formar e casar, ela me convidou para morar com ela. Para se ter uma idéia de como nossa situação era difícil, para vir embora para Mossoró, eu e minha mãe andamos 18 km para chegarmos em Apodi e pedirmos dinheiro ao meu padrinho para ele me dar uma muda de roupa. OM - Ao chegar aqui, o senhor começou logo a estudar?JB - Chegando aqui eu fui estudar no Mobral, antigo Movimento Brasileiro de Alfabetização. Lá só estudavam pessoas adultas e apenas uns três dias. Depois disso, fui estudar com uma professora particular, no bairro Boa Vista. Cheguei aqui em setembro de 1985 e fiquei com essa professora até o final do ano. No ano seguinte fui estudar no Educandário Presidente Kennedy e em seguida no Colégio Estadual de Mossoró, onde concluí os estudos e prestei vestibular para Agronomia na Esam.Mas, no ano anterior para fazer o vestibular eu não tinha renda alguma e fui trabalhar de camelô, no Mercado Central. Como não ganhava muito dinheiro lá, fui trabalhar em um supermercado. Passei umas semanas por lá e pedi no colégio para estudar com horário intermediário, das 10h às 14h. Chegava cedinho, às 5h da manhã todos os dias para arrumar, embalar e entregar e ficava até a hora de ir para a escola. Às 14h, eu voltava para o supermercado e ficava até 10 horas da noite. Mas, eles lá não aceitaram e disseram que só estuda quem tem condições e quem não tem vai trabalhar. Saí de lá e fui trabalhar vendendo malha para poder pagar um cursinho para mim. Estudei, passei no vestibular para Agronomia na Esam e fui morar na vila acadêmica, mas mesmo assim não tinha dinheiro para me manter.OM - Foi quando começou a trabalhar como faxineiro?JB - Sim. Fui pedir ajuda ao diretor da época, Vingt-un Rosado. E ele me conseguiu uma bolsa, onde eu ganhava o valor de 50 reais para varrer, arrumar e ficar responsável para fechar e abrir a diretoria acadêmica. Eu executava tarefas numa espécie de zelador e vigia. Permaneci um ano nessa situação. Quando foi no segundo ano do curso, fiz concurso para ser monitor de Química e em seguida fui estagiar num colégio do Estado.OM - O que o senhor fez quando terminou o curso?JB - Quando terminei o curso de Agronomia, passei quinze meses estudando para fazer o concurso para professor de Química na Esam, em 1987. Assim que passei para ser docente, tive como meta fazer mestrado. Ainda passei dois anos lecionando e saí para fazer mestrado em Minas Gerais. Retornei a Mossoró e logo depois fui fazer doutorado também em Minas Gerais, onde terminei com um tempo mais curto, de dois anos e meio. Voltei a Mossoró em 1996 e fui convidado pelo diretor da época, João Weine, para colaborar com a administração dele. Primeiramente como coordenador do curso de mestrado e depois como coordenador de pesquisa e pós-graduação. Fiquei nessa função até 2003, quando me candidatei a diretor da Esam e fiquei até 1° de agosto de 2005. Neste ano, conseguimos transformar a Esam em Universidade e fiquei como diretor e reitor pro tempore até dia 4 de agosto deste ano, quando fui nomeado reitor da Ufersa. OM - Recentemente, um candidato oposicionista da última eleição entrou na Justiça para tentar impugnar sua posse como reitor da Ufersa. Como se deu esse impasse?JB - Esse foi um momento triste dentro da administração da Universidade, pois esperávamos que nossos colegas opositores tivessem espírito democrático, respeitassem o resultado das urnas, mas me surpreendi quando um candidato que ficou em segundo lugar fez de tudo pedindo a um juiz que tirasse meu nome da lista e colocasse o dele. Até então, a gente tinha impressão de que ele tinha espírito democrático, mas não, ele tinha era sede de poder. É muito difícil você assumir os órgãos públicos quando se tem sede de poder. Você tem que ter sede para prestar um bom serviço à sociedade. Um reitor é um servidor como qualquer outro numa instituição.OM - Em apenas três anos a Ufersa passou por grandes avanços. Primeiramente deixou de ser Escola Superior com a oferta de apenas dois cursos para se tornar Universidade Federal e já disponibiliza 11 cursos. O senhor, como reitor pro tempore e agora iniciando o primeiro mandato como reitor, fez parte desse processo. Qual sua avaliação desse impulso repentino?JB - A Ufersa tem só três anos de existência e está em construção. Eu consegui conscientizar a comunidade acadêmica de que ela tinha que ampliar seu raio de atuação. Até então, ela só tinha atividade na área de ciências agrárias e agora ela já abarca as áreas de engenharia e sociais aplicadas. Tenho lutado muito junto ao Conselho Universitário para aprovar esses projetos de criação de novos cursos de graduação, mestrado e doutorado. Nós temos dentro da Universidade uma oposição que é contínua e é contra a expansão, o crescimento. Temos lutado e graças a Deus temos tido sucesso e quem ganha com isso é a sociedade. Antes a Ufersa oferecia 220 vagas por ano e agora já vamos oferecer cerca de 1.500 vagas por ano. Já é um quantitativo razoável, mas pretendemos aumentar ainda mais essa oferta. Porém, é um trabalho que deve ser feito paulatinamente para não haver precipitação. OM - Como está sendo essa expansão nos outros municípios?JB - Estamos concluindo agora a construção do campus de Angicos e este é o primeiro prédio de expansão da Universidade no Estado. É importante lembrar que o dinheiro da construção da sede de Angicos não é o mesmo destinado ao campus de Mossoró. Como a verba não é dividida, então dá para você crescer ao mesmo tempo. Nós vamos correr atrás dessa verba junto ao governo federal, assim como pretendemos adquirir verba para os campi de Apodi, Limoeiro do Norte (CE), Pau dos Ferros e Ceará-mirim. OM - O curso de Direito, que foi recentemente aprovado pelo MEC, será implantado brevemente na Ufersa. Como está esse processo? JB - Eu já fui sabatinado com relação a esse curso de Direito em pelo menos 10 instâncias e as perguntas são muito parecidas. A que os construtores da OAB em Brasília fizeram foi: Como o senhor explica ter três cursos de Direito em Mossoró e ainda querer criar outro? A resposta que eu dei foi a mesma que acontece em Natal: Quantos cursos de Direito tem a capital? Ela tem pelo menos 10 cursos uma população de 800 mil habitantes. Além disso, a demanda para um outro curso de Direito em instituição pública é grande. Na Uern pelo menos 35 jovens concorrem a uma vaga, e 34 ficam de fora. O que vamos fazer é dividir por dois essa concorrência. Outro aspecto é que o curso da Ufersa não vai competir com o da Uern. Na verdade, ele vai ser um complemento para a formação dos nossos jovens naquelas áreas que não tem potencial na Universidade, como direito internacional, ambiental, digital, petróleo, agrário. No momento estamos apenas aguardando a publicação da portaria pelo ministro e dependemos de uma revista do MEC a nossas instalações. OM - Como está a relação da Ufersa com instituições de outros países?JB - A internacionalização de uma universidade só se concretiza se ela tiver qualidade. Os alunos precisam de mobilidade dentro do seu país e entre países. Além disso, há uma mobilidade bastante flexível dos nossos professores nas instituições de todo o mundo. Daqui a pouco nossos técnicos administrativos estarão com relações entre universidades também (risos). Recentemente, a Ufersa criou uma assessoria própria para trabalhar com os convênios e conexão com outros países. OM - Diante de uma vida tão difícil, qual o segredo para ter chegado onde o senhor chegou?JB - O segredo? Bem, o segredo eu acredito que seja a persistência. Parece que o sofrimento se transforma numa marca que ajuda você a lutar. Eu já disse a muitas pessoas que o filho do homem mais rido lá de Apanha Peixe chamava-se Bobó, e quando eu não tinha o que comer eu ia para a casa dele. Hoje, ele é mototaxista. Eu encontro muitos colegas meus de infância que são carroceiros, flanelinhas. Isso é uma coisa muito complicada. Você ter que presenciar essas diferenças. Muitos já vieram aqui me visitar ou pedir emprego. E me sinto como um batalhador, mas nunca deixei que minha situação financeira e as dificuldades que enfrentei pudessem sobrepor com orgulho às outras pessoas

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

21 SONHOS DE VINGT- UN

COMO NASCEU A UNIVERSIDADE DO SEMI-ÁRIDO

21 SONHOS DE VINGT-UN

SONHO 1:

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ – ESAM

I - O Criador e Consolador
Num distante “Pais” chamado Santana das Lavras do Funil, talvez o mais antigo Edifício da Escola Superior de Agricultura de Lavras, batizado de Álvaro Botelho, hoje sede do Museu BI Moreira, abrigava nos idos 1941, laboratórios e salas de aulas.
Na parte térrea, um professor de bata branca, irrequieto, competente e entusiasta ministrava a disciplina de Matemática.
Chamava-se Fernando Antônio Camargo, apelidado de Fergo.
Um aluno ouvia e prestava atenção aos exercícios de Cálculo Integral e Diferencial. Era nordestino e preferia uma carteira que lhe permitia olhar através da janela, passando por cima do Edifício Odilon Braga, atravessando as serras das Gerias e sonhando acordado, levava nas asas de sua imaginação a idéia de que talvez, num dia remoto, pudesse plantar no chão adusto de sua cidade natal, uma semente à imagem e semelhança da ESAL.
Talvez o nordestino estivesse delirando.
Mas em 1944, ao se grudar em Agronomia, o sonho já ganhava contornos mais definidos.
Em 1948, começou a estudar e a descobrir que outros pioneiros já o haviam antecipado.
Vingt-un construiu a Pré-história do que seria a ESAM.
Ninguém na cidade tinha tido a iniciativa de fazê-lo até então.
Nenhum historiador tentara articular os esforços isolados e pouco conhecido de João Ulrich Graf (16 de fevereiro de 1876), Alípio Bandeira, Tércio Rosado, Antônio Martins de Miranda, Francisco Izódio de Souza, Francisco Vicente Cunha da Mota.
A pesquisa exaustiva de Vingt-un incorporou-os todos à Saga do Ensino Agronômico do Rio Grande do Norte.
“Notícias sobre Graf” foi publicada em “O Mossoroense” de número 76, 77, 78, 79, 80, 81, 83, e 90 de 7 a 16 de fevereiro e 16 de maio de 1948.
Em 1949. Vingt-un estudava Tércio como “ Um precursor do Cooperativismo” (Coleção Mossoroense, Série “B”, nº 4, 1949).
As iniciativas múltiplas de Tércio interessado no Ensino Agrícola foram registradas. Os pioneiros tiveram também o seu lugar naquela pesquisa.
Em 1946, Vingt-un propõe ao reitor Onofre Lopes a criação de uma Escola de Agronomia em Mossoró e convoca Vingt-un e Dix-huit para reforçarem o pleito.
Do mesmo ano é um apelo a três deputados estaduais, ligados a Mossoró, numa mensagem semelhante: Francisco Revoredo, Manoel Avelino e José Rocha. Em 1965, 19 de janeiro, parece que o aluno de 1941, das aulas de fergo continuava delirando com sonhos grafiano.
Escreve a José Guimarães Duque e sugere que a SUDENE crie em Mossoró uma Escola de Agronomia para o semi-árido. E convida o sábio do xerofilismo para Diretor da Escola, se a SUDENE aceitasse o desafio vantaniano.
Finalmente, em 1967, Dix-huit vem a Mossoró, como Presidente do INDA, pela primeira vez.
O Senador Dinarte Mariz lembrava o nome do mossoroense para tão alto cargo.
Dix-huit aceitou a argumentação de Vingt-un e se convenceu de que era hora de Mossoró ganhar uma Escola de Agronomia.
Mas, como justificar sua criação pelo INDA?
Encontrou-se logo uma formula: O INDA faria um convênio com a FUNCITEC (a Fundação da Prefeitura que era uma espécie de Pré-universidade) e lhe repassaria a totalidade dos recursos necessário à implantação da ESCOLA.
Vingt-un convidou João Batista Cascudo Rodrigues a redigir o Decreto da sua criação.
Já escolhera o nome: ESAM, tradução mossoroense da Escola Superior de Agricultura de Lavras, ESAL. O Decreto foi levado por Vingt-un para colher a assinatura do Prefeito Raimundo Soares de Souza, uma das mais formosas inteligências já brotadas no chão potiguar.
Recebido os primeiros repasses, a ESAM começava.
Estávamos a 2 de junho de 1967.
O executor do Convênio INDA/FUNCITEC era a maravilhosa figura de Orlando Teixeira, tão empolgado com as suas tarefas que terminou num leito da casa de Saúde Dix-sept Rosado, levado por estafa alarmante.
Uma meia dúzia de edifícios, laboratórios, tudo que fosse necessário para início do funcionamento de uma escola foi providenciado sem tardança pelo Presidente Dix-huit Rosado.
Não estaremos exagerando: sem Vingt-un a ESAM não existiria, sem Dix-huit, a Escola de Agronomia do semi-árido ainda continuaria um sonho do seu irmão mais moço.
Vingt-un foi o criador, Dix-huit o federalizador (consolidador).
Eis o maior, o incomensurável serviço de Dix-huit: federalizá-la dois anos, seis meses e três dias depois da sua fundação graças ao seu perstígio junto ao Ministro Tarso Dutra.
Uma análise do quadro abaixo denuncia a magnitude do trabalho de Dix-huit.
Eis a relação de 11 instituições agronômicas ou das universidades a que pertenciam, detalhando o ano da criação, o ano da federalização e o espaço de tempo decorrido entre as duas datas:

Nome
Criação – Federalização
Período
Universidade Federal da Bahia
1877-1941
64 anos
Fundação Univ. Fed. de Pelotas
1883-1945
62 anos
Escola Superior de Agronomia de Lavras
1908-1963
55 anos
Universidade federal de Porto Alegre
1896-1950
54 anos
Universidade Federal Rural de Pernambuco
1912-1955
43 anos
Universidade Federal de Viçosa
1928-1969
41 anos
Centro de Ciências Agrárias (UFCE)
1918-1959
41 anos
Universidade Federal do Paraná
1918-1950
32 anos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
1913-1934
21 anos
Universidade Federal de Santa Maria
1961-1975
14 anos
Fundação Univ. Federal de Uberlândia
1984-1991
07 anos

II – Dia dois da História da ESAM
A carta que Vingt-un escreveu a Paulo Guerra, uma espécie de edição mossoroense de José Guimarães Duque e José Augusto Trindade, merece ser transcrita:

Mossoró, 20 de abril de 1967.

Paulo:
1) O Decreto nº 3/67, de 18 de abril, do Prefeito Municipal, criou a ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ.
2) A Fundação para o Desenvolvimento da Ciências e da Técnica, da Prefeitura, será o órgão mantedor.
3) Precisamos, com urgência, da sua ajuda total.
4) Queremos que você nos oriente em todos os rumos, na preparação do papelório, na escolha do terreno, na Filosofia da Faculdade, no escalonamento das cadeiras, na indicação e distribuição destas cadeiras pelas diversas séries.
5) Também desejamos que o DOUTOR PAULO GUERRA SEJA O DIRETOR DA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ.
6) Para começo de conversa: como v. pode vir passar uma semana aqui, conosco, neste trabalho preliminar? Mandaríamos pegá-lo e depois deixá-lo de volta.
7) Será a primeira Escola Superior de Agricultura do RN, servirá a Mossoró, ao Oeste, ao RN e às áreas de Estados vizinhos da qual Mossoró é metrópole regional.
8) Creio que o Velho Rosado e o velho Felipe estariam felizes com iniciativa.
9) Pergunto a você: as Escola de Agronomia não ensinam uma Agronomia muito universal ou é apenas impressão de um velho agrônomo que não chegou que não chegou a ser Agrônomo, que tem sido bodegueiro de gesso desde que se formou?
10) Vamos pensar numa Escola que ensine Lavoura Seca, Agricultura de Caatinga, as culturas regionais, etc?
11) Quando você vier venha armado: pensando em regimento interno, em plantas de edifícios, que edifícios são indispensáveis para o primeiro ano, que matérias devem constar do primeiro ano, etc.
12) Conselho Estadual de Educação autorizará o funcionamento do primeiro ano. Teremos que preparar o processo, com as toneladas de papel do que é exigido.
13) Até agora a Faculdade, que está completando o seu segundo dia de existências. ESTÁ SOMENTE NUMA FOLHA DE PAPEL. Nem terrenos, nem edifícios, NEM DINHEIRO.
14) Me diga: isto não torna a luta mais gostosa?
15) Vamos seguir a trilha do velho Felipe e do velho Rosado e vamos ganhar esta batalha para Mossoró, se Deus Quiser.
16) Vamos estudar também em que condições você poderia vir para a primeira semana e depois como DIRETOR DA ESCOLA.

Um abraço de
Vingt-un Rosado.”“.

III – O Depoimento de Dix-huit
Numa manhã, de 24 de fevereiro de 1980, na instalação do 7º Congresso Brasileiro de Zoologia, sediado na ESAM, Dix-huit pronunciou as seguintes palavras:
“Foi inspiração de Jorge de Alba e a vontade de Vingt-un Rosado que me carrearam pelo estuário extraordinário da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, para realizarmos esta obra que tanto nos orgulha, nos orgulha tanto que ás vezes escondemos no íntimo do coração o valor que damos a esta instituição, que foi feita com aquela inspiração de Paulo Nogueira neto, com o espírito das catedrais.”

SONHO 2

O FISCAL GRATUITO DA CONSTRUÇÃO DE DUAS FACULDADES

O atual Edifício Dom Gentil Barreto, O Santo de Mossoró, foi inaugurado pelo Presidente Artur da Costa e Silva, 172 dias depois do início da sua construção.
Numa cadeira de balanço, hoje guardada pelo Museu da Memória da ESAM, Vingt-un fiscalizou a obra 172 noites.
Uma ficha explica a presença da cadeira no Museu:
“Nesta cadeira com o salário único da paixão por Mossoró, Vingt-un varou as madrugadas da Fazenda Fuão Pinto, fiscalizando durante 172 noites, a construção do 1º edifício da ESAM. @ de julho a 22 de dezembro de 1967.”
O professor José Marcelino, de saudosa memória, encareceu a Vingt-un que viajasse ao Rio de Janeiro para tentar receber os recursos financeiros que o professor Epílogo de Campos prometera para a construção da sede da Faculdade de Ciências Econômicas.
Vingt-un encontrou João Batista Cascudo Rodrigues no Rio e os dois voltaram com o dinheiro esperado. Durante a noite e durante todas as noites Vingt-un saia da ESAM para fiscalizar o edifício que tomaria o nome de Epílogo de Campos.
João Batista Cascudo Rodrigues, preocupado em fazer justiça aos seus soldados, batizou o auditório com o nome de Vingt-un.
No mesmo dia, 22 de dezembro de 1967, o Presidente Costa e Silva, aquele Presidente que em toda a História do Brasil, maiores serviços prestou a Mossoró, inaugurou os edifícios da Escola Superior de Agricultura de Mossoró e da Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró.
Lydio Luciano de Góes, um dos mais valorosos tenentes de João Batista Cascudo Rodrigues telegrafou a Vingt-un:
“Transmito estimado amigo afetuoso abraço parabéns motivo inauguração primeiro edifício da ESAM e edifício Epílogo de Campos, da faculdade de Ciências Econômicas agora possíveis graças sua dinâmica atividade a serviço de Mossoró PT” 07 de dezembro de 1967.

SONHO 3

A PEDRA NÃO PERMANECEU PEDRA

Os graduados de agronomia da ESAM, turma 89/2, disseram seu julgamento sobre Vingt-un:
“SONHO-REALIDADE-TRABALHO-LUTA-DEDICAÇÃO”.
“Um homem sonhou, e dividiu seu sonho com outros, e o sonho passou a palpitar em cada pedra. Se não fora seu sonho a pedra permaneceria pedra apenas, a cidade continuava a ser cidade. A te que, em 22 de dezembro de 1967, dando vazão a torrentes incontidas de paixão, luta coragem e dedicação ergue-se um monumento na terra de Santa Luzia que viria ser mais tarde a realidade da geração de hoje. Não é difícil tentar descobrir se ele acertou, difícil é tentar agradecer a dedicação de toda uma vida”.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS FRESCAS CONCENTRA-SE
NO SEMI-ÁRIDO

Josivan Barbosa Menezes Feitoza1 e Railene Hérica Carlos Rocha2


RESUMO

O agronegócio de frutas no semi-árido tem representando um segmento importante na economia nacional contribuindo para o desenvolvimento de muitos estados do semi-árido. O mercado mundial consumidor de frutas tem estabelecido requisitos sanitários rigorosos, exigindo garantias de qualidade, inocuidade e uma visão diferenciada de produção priorizando a qualidade da fruta e o meio ambiente proprocionando aumento no geração de emprego, renda e melhorias no sistema produtivo das empresas agrícolas. Neste sentido, o objetivo do presente artigo é apresentar o cenário do agronegócio de frutas frescas no semi-árido brasileiro. As exportações brasileiras de frutas aumentaram de 2003 a 2007, com destaque nos estados da Bahia, Pernabuco, Rio Grande do Norte e Ceará que foram os mais importantes no cenário da fruticultura com as culturas da uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. Neste período houve aumento de US$ 337 milhões para US$ 642 milhões. No Rio Grande do Norte o melão, a banana, o mamão, a melancia e a manga, tiveram destaque, sendo que o melão continua como a principal fruta de exportação do estado, onde as maiores empresas exportadoras possuem o selo de certificação europeu.

Palavras-chave: Semi-árido, desenvolvimento, fruticultura.

THE ....
ABSTRACT









Keywords:
INTRODUÇÃO
As conquistas no mercado externo tem resultando, no Brasil, em aumento de área plantada, melhoria da qualidade da produção e da tecnologia, além da maior profissionalização na etapa da comercialização. O agronegócio representa, aproximadamente, 21% do total do produto interno bruto (PIB), sendo responsável por 37% dos empregos e por 41% das exportações. É o setor que pode responder mais rapidamente para a geração de emprego no Brasil já que investimentos na ordem de R$ 1 milhão de reais na agropecuária pode proporcionar até 182 empregos (Lacerda et al., 2004).
Os investimentos empregados nos pólos de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA), Linhares/Pinheiros (ES), Chapada do Apodi (RN), Norte de Santa Catarina e em algumas regiões do interior de São Paulo indicam que o potencial exportador só tende a crescer (Vitti et al., 2004).
A produção de frutas no Vale do São Francisco (NE), principalmente voltada para exportação apresenta crescimento contínuo, o que possibilita a transformação da região em grande pólo de fruticultura, gerando empregos e renda para a região.
O pólo Petrolina/Juazeiro conta com mais de 100 mil ha irrigados, garante emprego a 400 mil pessoas em áreas do semi-árido da Bahia e Pernambuco (Corrêa, 2002). Além da manga que tem 60% da sua produção destinada ao mercado externo e da uva que possui 10% da produção vendida para o exterior, frutas como goiaba, coco, melancia e atemóia (pinha) também destacam-se na região (Camarotti, 2000).

Considero o parágrafo anterior desatualizado...
No Rio Grande do Norte, especificamente na região da Chapada do Apodi (a qual também abrange algumas áreas do Estado do Ceará) as áreas de produção tem sido ampliadas para atender o mercado externo. Desde 2002, tem se observado uma intensificação nos investimentos tanto no campo como, e principalmente, na infra-estrutura de pós-colheita e comercialização (câmaras frias, packing houses, mão-de-obra e transporte). Tudo isso para se enquadrar nas exigências feitas pelos países importadores europeus (Vitti et al., 2004).
O mercado mundial consumidor de frutas tem estabelecido requisitos sanitários rigorosos, exigindo garantias de qualidade e inocuidade, o que requer a adoção de uma visão diferenciada de produção priorizando a qualidade da fruta e o meio ambiente. As alternativas, em consonância com as novas tendências para fruticultura, são a adoção de técnicas de produção preconizadas pelos sistemas de produção integrada e orgânica de frutas (Tibola & Fachinello, 2004).
O objetivo deste trabalho é apresentar o cenário do agronegócio de frutas frescas no semi-árido brasileiro relacionado ao desenvolvimento regional e ao potencial de exportação.

O AGRONEGÓCIO DA FRUTICULTURA
O Brasil apresenta superávit na balança comercial da fruticultura desde 1999. Mesmo sob um cenário de câmbio pouco atrativo para as vendas ao exterior, em 2007, o crescimento foi de 45% em relação ao ano de 2006, chegando à marca de US$ 3,3 bilhões. As frutas frescas responderam por US$ 642 milhões, 34% a mais que no ano anterior (Pereira, 2008). Apesar de ser o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, atualmente, o Brasil tem apenas 1,6% de participação no comércio internacional, destacando-se o mercado da União Européia, com cerca de 70% do volume exportado, sendo a Holanda o principal país comprador e distribuidor da fruta brasileira para o restante da Europa, principalmente Alemanha.
Em 2007, os dez principais produtos exportados na ordem, foram: uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. Destes dez produtos, destaca-se na produção total nacional do Rio Grande do Norte o melão (67,6%), a banana (41%), o mamão (24%), a melancia (50,6%) e a manga (6,15%) (IBRAF, 2008). O melão continua sendo a principal fruta de exportação do estado, onde as maiores empresas exportadoras garantem a qualidade e aceitabilidade da fruta no mercado por possuírem o selo de certificação europeu (GlobalGep).
Na Chapada do Apodi (Baraúna, Quixeré e Limoeiro do Norte), localizada na divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte e a micro-região de Pau Branco (Mossoró) encontram-se as principais empresas produtoras e exportadoras de melão do Semi-Árido. Além destas micro-regiões, outros municípios como Aracati, Jaguaruana, Itaiçaba, Tibau, Icapuí, Apodi, Upanema, Parazinho, Russas, Morada Nova, Grossos e Jandaíra possuem pequenos e médios produtores, estimando-se em 14 mil hectares, a área plantada por safra, e em 204 mil toneladas, o volume exportado, correspondente a um faturamento de US$ 128 milhões, cujos melões tipo Amarelo (várias cultivares), Orange Flesh, Piele de Sapo, Galia, Cantaloupe e Charantais são os mais cultivados.
Na cultura da banana, o Rio Grande do Norte tem se destacado como o principal Estado no faturamento em exportação. Em 2007 foram exportados no Estado cerca de 77 mil toneladas e faturamento de mais de US$ 28 milhões, seguido pelos Estados de Santa Catarina, Ceará e São Paulo, cujas variedades mais cultivadas são a Prata, Pacovan, Prata Anã, Maçã, Mysore, Terra e D’angola; e as variedades do subgrupo Cavendish Nanica, Nanicão e Grand Naine. A Ouro, Figo Cinza e Figo Vermelho, Caru Verde e Caru Roxa são plantadas em menor escala (Mattiaso, 2008).
No semi-árido, as principais micro-regiões produtoras de banana são Bom Jesus da Lapa e Urandi (Bahia), Petrolina e Juazeiro (Pernambuco e Bahia), Baixo Acaraú, Quixeré e Limoeiro do Norte (Ceará) e Vale do Açu (Rio Grande do Norte). No caso específico do Rio Grande do Norte, as expectativas de exportação do produto em 2008 não são animadoras. Somente uma empresa teve uma perda de 1000 hectares de banana para exportação em decorrência das enchentes na Bacia do Rio Piranhas-Assu.
Em se tratando do mamão, os maiores produtores são Bahia, Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte, com produção de 726,991, 629,236, 57,741 e 33,773 toneladas, respectivamente (AGRIANUAL, 2008). Segundo levantamento do CEPEA (Centro de Estudos em Economia Aplicada), o Rio Grande do Norte foi o segundo maior exportador, com 24,5%, seguido da Bahia, com 19,57%. A expectativa para 2008 é de incremento no volume exportado de mamão pelo Rio Grande do Norte. A qualidade da fruta (isenta de pragas e a boa aparência) tem sido o principal fator responsável pelo aumento das exportações de mamão no Estado.
As variedades de mamão mais produzidas no Brasil são do grupo Havaí (Golden e Sunrise) e Formosa. De acordo com o produtor Engº. Agrº. Wilson Galdino de Andrade, pesquisador da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, há novas variedades surgindo no mercado, resultantes de cruzamento entre os dois grupos (Havaí e Formosa). Uma dessas variedades é a calimosa que tem se mostrado de excelente qualidade na micro-região de Baraúna, no Rio Grande do Norte. Os frutos são maiores do que os do grupo Havaí e mais saborosos do que os do grupo Formosa.
Na produção de melancia, os estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte são responsáveis por 19,12% da produção nacional em uma área colhida de 21,125 herctares (AGRIANUAL, 2008). No Rio Grande do Norte, os embarques de melancias, em 2007, cresceram 9,7% em volume e 26,1% em receita (Secex, 2008).
Em relação a manga, o mercado mundial a cada dia tem se tornado mais complexo. Atualmente, os principais concorrentes do Brasil são o México e o Peru (Faria et al., 2008). Estima-se que o Brasil tenha exportado, em 2007, cerca de 116 mil toneladas de manga fresca, o equivalente a quase US$ 90 milhões. Desse total, 93% do volume foram produzidos no Semi-árido (Vale do São Francisco). No momento, a região do Vale do São Francisco apresenta mais de 20 mil ha implantados com manga, correspondendo a 320 mil toneladas de frutas frescas, dos quais mais de 30% são destinados aos mercados da União Européia, Estados Unidos e mais recentemente, o Japão.
A manga Tommy Atkins é a variedade predominante no mercado, embora, aos poucos outras variedades como a Kent e a Keitt começaram a ser produzidas. A variedade Tommy Atkins tem revelado boa aceitação no mercado americano, sendo que a Kent e a Keitt têm mostrado boa aceitação nos mercados da União Européia e Asiático (Japão).
Além das culturas mencionadas, a uva, o abacaxi e o limão (lima ácida ou limão tahiti) são produzidos com sucesso nas regiões semi-áridas. A produção de uva concentra-se na região do Vale do São Francisco, destacando-se os estados de Pernambuco e Bahia, com 156,685 e 120,629 toneladas, respectivamente. Juntos os dois Estados correspondem a 21,21% da produção nacional e apresentaram uma área colhida em 2007 de 9,174 ha (AGRIANUAL, 2008). A cada ano, o volume produzido de uvas sem sementes aumenta substituindo as variedades tradicionais, mais clássicas, com sementes. Em 2007, o Brasil exportou, cerca de 79 mil toneladas de uvas frescas com faturamento de quase US$ 170 milhões.
Assim como a uva, as exportações de abacaxi in natura aumentaram significativamente em 2007, tendo maiores perspectivas de aumento para este ano. O principal exportador foi o Ceará com cerca de 30 mil toneladas e um faturamento de cerca de US$ 16 milhões de dólares. No Ceará, a produção de abacaxi está concentrada no DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi) que utiliza água do Complexo Castanhão através de canais de irrigação alimentados pelo Rio Jaguaribe no município de Limoeiro do Norte. A cultivar MD2 desenvolvida na Costa Rica e importada por multinacional a partir do ano 2001 é a mais produzida no estado, tendo como principais destinos Itália, Alemanha e Holanda.
Quanto ao limão (lima ácida ou limão tahiti), as exportações aumentaram de 2,3 mil toneladas em 1998 para 58,2 mil toneladas em 2007. Em valores, as exportações de lima ácida aumentaram 30 vezes no período, de US$ 1,4 milhão para US$ 41,7 milhões, entretanto, isto representa apenas 5% do que é produzido (Secex, 2008).
De 1998 a 2007, o preço do limão exportado aumentou 17,36%, de US$ 0,61 para US$ 0,72 o quilo (Secex, 2008). A campanha da Abpel de divulgação da fruta na Europa é um dos fatores que contribuem para o aumento nas exportações de limão. A Abpel tem se dedicado muito à divulgação externa distribuindo limão com um folheto contendo informações sobre a fruta e receitas, como a da caipirinha brasileira, na Alemanha. Além da divulgação em praças e supermercados, há a promoção do limão em escolas de culinária para conquistar os futuros formadores de opinião da gastronomia européia.
Apesar de São Paulo ser o principal produtor de lima ácida, a cada ano, registra-se aumento de áreas com o cultivo desta fruta nas regiões Semi-Áridas da Bahia e Minas Gerais (AGRIANUAL, 2008).
Na Bahia, os principais pólos de produção de lima ácida tahiti são os municípios de Cruz das Almas, Rio Real, Alagoinhas, Iaçu, Itaberaba, Barreiras e Eunápolis, onde a estrutura fundiária é constituída, basicamente, por produtores com área inferior a 10 ha (65%) e outros 25% com área entre 10 e 50 hectares (Amaro et al., 2003).
A tendência é que mais e mais pessoas passem a se preocupar com a saúde e o bem estar, ampliando o consumo de frutas. Isso pode proporcionar novos aumentos na produção e exportação mundial, principalmente dos países produtores do Hemisfério Sul, como o Brasil, que abastecem os do Norte quando esses estão em entressafra. A demanda por frutas também está aliada à elevação da renda dos consumidores, à urbanização e a melhores níveis de informação e educação. Consumidores norte-americanos, por exemplo, pagam mais por produtos importados desde que apresentem qualidade de acordo com os padrões exigidos. Para garantir qualidade, é necessário melhorar o transporte, aprimorar a infra-estrutura dos portos e adotar selos de certificação.

CONCLUSÕES

As exportações brasileiras de frutas aumentaram de 2003 a 2007, em 90%, subindo de US$ 337 milhões para US$ 642 milhões. O semi-árido foi destaque neste período devido ao aumento na produção de frutas e no valor de mercado, onde os estados da Bahia, Pernabuco, Rio Grande do Norte e Ceará foram os mais importantes no cenário da fruticultura com as culturas da uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. No Rio Grande do Norte o melão, a banana, o mamão, a melancia e a manga, tiveram destaque, sendo que o melão continua como a principal fruta de exportação do estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARO, A. A.; CASER, D. V.; De NEGRI, J. D. Tendências na produção e comércio de limão. Informações Econômicas. v. 33, n.4, p. 37-47, 2003.

CAMAROTTI, M. Vale do São Francisco amplia o volume das exportações de frutas. Disponível em:<>. Acesso em: 15 de junho, 2008.

CORRÊA, S. Anuário Brasileiro da Fruticultura 2002. Santa Cruz do Sul/RS: Gazeta do Sul, 2002. 176 p.

FARIA, R. N. de; SOUZA, R de C.; VIEIRA, J. G. V.; LÍRIO, V. S. Custo de transação e exigências técnicas nas exportações de manga e de mamão. Informações Econômicas, v. 38, n.5, p. 59-71, 2008.

IBRAF, Instituto de Comércio Exterior. Disponível em: Acesso em: 15 de junho de 2008.

LACERDA, M. A. D. de; LACERDA, R. D. de; ASSIS, P. C de O. A participação da fruticultura no agronegócio brasileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 4, n.1, 2004.

MATTIASO, D. Fruta na mesa: musa brasileira. Revista Frutas e Derivados. Ano 3, ed. 9, p. 46, 2008.

PEREIRA, B. Importação: quem ganha, quem perde. Revista Frutas e Derivados. Ano 3, ed. 9, p. 18-24, 2008.

SECEX, Secretaria de Comércio Exterior. Disponível em :. Acesso em: 15 de junho de 2008.
TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C.; Tendências e estratégias de mercado para a fruticultura. Revista Brasileira de Agrociência, v.10, n. 2, p. 145-150, 2004.

VITTI, A.; SEBASTIANI, R. E. G.; VICENTINI, C. A.; BOTEON, M. Perspectivas da fruticultura brasileira exportadora frente aos novos investimentos. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/oca03.pdf.Acesso em 30 de junho de 2008.


1Engº Agrº Dr. Ciência dos Alimentos, Professor Adjunto da UFERSA, C.P. 137, CEP 59.625-900, Mossoró-RN;
2Engª Agrª, Drª. Fitotecnia, Pesquisadora DCR/CNPq/FAPERN/UFERSA, C.P. 137, CEP 59.625-900,Mossoró-RN.E-mail: raileneherica@hotmail.com

terça-feira, 2 de setembro de 2008

FRUTICULTURA ORGÂNICA NO SEMI-ÁRIDO

FRUTICULTURA ORGÂNICA NO SEMI-ÁRIDO
Aos poucos a produção orgânica de frutos nos Agropólos Mossoró-Assu e Baixo-Jaguaribe vai se tornando realidade. Até o momento, três importantes produtos da pauta de exportação já estão sendo produzidos dentro das mais rígidas práticas de produção orgânica. A produção orgânica comercial envolve melão, banana e abacaxi. O melão é produzido na micro-região de cajazeiras (Mossoró – RN) e a banana é produzida no Vale do Açu (Ipanguaçu-RN). O abacaxi é produzido na micro-região polarizada pelo DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe-Apodi) localizado em Limoeiro do Norte – CE. Mais informações sobre a produção orgânica de frutos no Semi-árido podem ser obtidas com o Centro Tecnológico do Negócio Rural do Semi-Árido, localizado na Universidade Federal Rural do Semi-árido, Mossoró-RN, Brasil. (ufersa@ufersa.edu.br).

UNB CONVIDA A UFERSA PARA PARCERIAS

UNB CONVIDA A UFERSA PARA PARCERIAS A UNB (Universidade de Brasília), através do Centro de Desenvolvimento Sustentável-CDS convidou a UFERSA (Universidade do Semi-árido) para, em parceria e com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil S/A-BNB trabalhar na implantação do Observatório de Desenvolvimento Regional Sustentável do Semi-Árido (ODERSU). O ODERSU será um espaço de observação, ensino, pesquisa e extensão de alto nível, devidamente sintonizado com as problemáticas sócioambientais da região. A organização e realização do Seminário do Semi-Árido é a primeira ação desenvolvida no contexto do ODERSU. Esse evento será realizado no Campus de Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Ceará, nos dias de 27 e 28 de outubro próximo, com os seguintes objetivos: i) a discussão sobre as problemáticas da região; ii) a definição de uma agenda prioritária para o Semi-Árido; iii) o planejamento de ações conjuntas entre os parceiros.O Seminário tratará dos seguintes temas: Uso do Solo, Desertificação, Cadeia Produtiva do Biodiesel, Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas, Processos Locais de Organização da Agricultura Familiar e de Governança, Recursos Hídricos, Políticas Públicas de Sustentabilidade e Inclusão Social no Semi-Árido.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Institutos Nacionais de Ciências e Tecnologias

Segunda Reunião na FAPERN: Institutos Nacionais de Ciências e Tecnologias
Edital de nº 15/2008 MCT/CNPq/FNDCT/FAPEMIG/FAPERJ/FAPESP
Local: Natal - RN
Data: 01 de setembro de 2008
Entidades participantes: FAPERN/EMPARN/UFERSA
Decisão: O Grupo decidiu apresentar uma proposta contemplando a instalação de um Instituto de Agronegócio do semi-árido: agricultura irrigada; sendo convidado para coordenar o Projeto o Professor da UFCG Hans Haji.

Entidades convidadas para firmarem parcerias:UFC/EMPRAPA/UFERSA/EMPARN/UFCG.

domingo, 31 de agosto de 2008

Fruticultura na Chapada do Apodi - RN - CE

UFERSA - A UNIVERSIDADE DO SEMI-ÁRIDO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À AGRONOMIA
PROFS: JOSIVAN BARBOSA MENEZES FEITOZA – GEOMAR GALDINO DA SILVA
ASSUNTO: NEGÓCIO RURAL NO SEMI-ÁRIDO
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE (23.08.08)

1. Ceará se transforma em uma nova terra de oportunidades
Formatação
Jackson de Souza é um dos 48 produtores parceiros da Frutacor, empresa-âncora considerada modelo de integração com pequenos fruticultores da Chapada do Apodi (Foto: SILVANA TARELHO)
O Diário do Nordeste percorreu mais de 2.000 quilômetros, pelo Interior do Estado, mostrando a força do campo.
O agricultor Jackson José Lima de Souza, 39 anos, mal consegue esconder a alegria: depois de meses de plantio, colheu a primeira safra de mamão tipo formosa. A produção, oriunda de dois hectares de terras no Distrito de Irrigação Tabuleiro de Russas (Distar), garante renda para o sustento dele, da esposa e dos dois filhos, além dos salários pagos a dois trabalhadores rurais. A melhor notícia é que toda a safra — entre 80 e 100 toneladas — já está vendida, rendendo de R$ 20 a R$ 22 mil por hectare.
Jackson é um dos 48 produtores parceiros da Frutacor, empresa-âncora considerada modelo de integração com pequenos fruticultores da Chapada do Apodi — vasto platô que une o Rio Grande do Norte ao Ceará —, onde são produzidas, atualmente, milhares de toneladas de frutas destinadas aos mercados interno e externo. A Frutacor entra com assistência técnica, garantia de comercialização e liquidez no pagamento. Os agricultores, com a terra, insumos e mão-de-obra.
Força do campo

O agronegócio da fruticultura irrigada é apenas um dos exemplos bem sucedidos no Ceará. Há registro de bons resultados também nas áreas da floricultura e agropecuária. Em busca de experiências como a de seu Jackson e do empresário João Teixeira, dono da Frutacor, o Diário do Nordeste percorreu mais de 2.000 quilômetros, pelo Interior do Estado — chegando até as cidades vizinhas de Mossoró e Baraúnas, no Rio Grande do Norte, mostrando a força do campo e a possibilidade de transformação na vida dos cearenses. Em uma semana, a reportagem acompanhou o preparo da terra para o plantio, do Icapuí até Limoeiro do Norte. Pode ver também os estragos causados pela chuva nas lavouras de melão em Mossoró.
A fruticultura é, sem dúvida, o lado mais desenvolvido, sobretudo quanto o assunto é o mercado internacional. As exportações de frutas do Estado saíram de US$ 874 mil, em 1994, para R$ 77,2 milhões, em 2007. Ou seja, cresceram 88 vezes. No mesmo intervalo, as vendas externas brasileiras de frutas frescas cresceram cinco vezes, passando de US$ 127,5 milhões (1994) para US$ 642,7 milhões (2007).
Hoje, pelo menos duas das quatro maiores multinacionais da área de fruticultura já produzem em terras cearenses: a Fyffes e a Del Monte Fresh. A primeira atua de forma consorciada com a brasileira Nolem (do inglês melon, lido de trás para frente), na produção de bananas para exportação, na Chapa do Apodi. A segunda produz abacaxi e melão, também na região irrigada com as águas do Rio Jaguaribe.

SAMIRA DE CASTRO
Repórter

2. Estrangeiros estão de olho nos perímetrosFormatação
Em áreas como o Jaguaribe-Apodi e Tabuleiro de Russas, é possível tirar até 2,5 safras por ano (Foto: SILVANA TARELHO)

Um verdadeiro oásis, a região jaguaribana abriga centenas de médios produtores — nacionais e estrangeiros —, como João Saloutti, um libanês que cultiva melão e manga. E, tudo indica, vem mais investimento por aí. Ano passado, a multinacional Dole mandou um de seus técnicos agrícolas para estudar os solos na região. Namoro que já dura tempos, mas nada oficial.
O pessoal da Dole ficou impressionado com a evolução do Tabuleiro de Russas. Desde 2005 que eles prospectam oportunidades aqui´, diz Vandemberk Rocha de Oliveira, gerente de Operação e Manutenção do Distrito de Irrigação Tabuleiro de Russas (Distar). Terras de oportunidades, fartura, suor e trabalho. Junto com água é crédito, dão condições básicas ao homem que deseja permanecer no campo.
Em áreas irrigadas, como o Jaguaribe-Apodi e Tabuleiro de Russas, é possível tirar até 2,5 safras por ano. E a maior parte das frutas pode ser produzida o ano todo. O Ceará é o 5º maior exportador nacional, atrás da Bahia (4º), Pernambuco (3º), Rio Grande do Norte (2º) e São Paulo (1º).

3. Há empregos para agrônomos e técnicos agrícolasFormatação
Clebson da Silva: escola agrícola o livrou da marginalidade e garantiu bom emprego.

Empresas disputam agrônomos e técnicos agrícolas. O Ceará tem fama de formar bons profissionais na área
O campo de trabalho está literalmente bom. O crescimento do agronegócio refletiu na atuação e no mercado profissional para o pessoal de nível médio e superior da área de agronomia. Hoje, técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos são disputados pelas empresas. ´A maior parte dos agrônomos contratados pelos produtores de frutas no Nordeste ou é do Ceará ou da
Paraíba´, comenta Clebson Pereira da Silva, técnico da Agrícola Famosa.

O próprio Clebson é paraibano, de Catolé do Rocha, e trabalha na sede da fazenda em Icapuí. ´Entrei na escola agrícola para fugir da marginalidade. Fui parar, depois de algum tempo de formado, na Maísa´, conta ele, reforçando que hoje sim, há campo de trabalho, literalmente. ´As empresas formam gente recém-saída das escolas ou contratam as experientes de seus concorrentes´, entrega ele.
FormaçãoVandemberk Rocha de Oliveira, gerente de Operação e Manutenção do Distrito de Irrigação do Perímetro Tabuleiro de Russas (Distar) concorda com o técnico paraibano. Há alguns anos, ele não pensava que houvesse bom mercado para o profissional de agronomia. ´Hoje, para os bons, há vagas, com toda certeza´.
De olho nas oportunidades, cada vez mais alunos procuram a Faculdade Tecnológica do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Fatec), em Limoeiro do Norte. De acordo com o professor Ivan Remígio, coordenador do curso Recursos Hídricos e Irrigação, a instituição hoje até ´exporta´ o pessoal formado. ´Cerca de 75% a 80% dos nossos ex-alunos estão empregados. Não ficam todos na região, não. Muitos vão até para fora do Estado´, afirma.A grande vantagem de cursar uma faculdade tecnológica, conforme o professor, é poder entrar em campo mais cedo. ´O curso tem duração de três semestres e uma disciplina de 360 horas/aula de estágio supervisionado. O aluno estagiário, via de regra, tem sido contratado pelas empresas, mostrando que nossos alunos têm saído com bom nível de conhecimento´, avalia.

4. Produtor já pode investir no bem-estar da família
Formatação
Juarez da Costa: prazer de poder investir o dinheiro que consegue com o trabalho na lavoura na educação dos filhos e em melhores condições de moradia Juarez Lúcio da Costa, 43 anos, orgulha-se do trabalho na roça. Graças à terra fértil do Tabuleiro de Russas, ele conseguiu casa própria e outros bens. A maior conquista, responde sem pestanejar: a escola particular, para o filho Joabe, de 16 anos, que sonha em ser advogado.
´Invisto meu dinheiro nos meus filhos. As meninas, Geruza e Geíza, não querem nem ouvir
falar em se desfazer dessa terra´, revela o agricultor.

A vida já foi difícil. ´Mas, agora, tá boa´, comenta ele, relembrando do tempo em que foi embora para a Região Norte, em busca de melhores oportunidades, depois de se decepcionar com o plantio de feijão, no início do trabalho de reassentamento no perímetro irrigado. ´Não fui bem sucedido lá. Mas encontrei um técnico que me ensinou a trabalhar com o pimentão. Comprei dois hectares de terra e fiquei estudando essa cultura´, conta.Com o conhecimento adquirido em Santarém (PA), voltou para Flores, distrito de Russas —´região onde nasci e me criei´, e recomeçou a vida apostando no pimentão.
´Essa área aqui eu plantei com meu dinheiro mesmo. Não foi financiamento do banco não!´, frisa. Com mudas produzidas pela Top Plant, seu Juarez já investiu R$ 7,8 mil na lavoura do pimentão. E tem tirado R$ 2,4 mil por semana, fornecendo 180 caixas semanais na Ceasa. ´Outro dia veio aqui o dono do Center Box [rede de supermercado de Fortaleza]. Ele quer fazer um contrato para o fornecimento de três toneladas de pimentão por semana´, diz ele, pensativo, na dúvida se vai conseguir dar conta de tamanha produção.
Seu Juarez, que é um dos reassentados do Tabuleiro — recebeu lote de terra e equipamento completo de irrigação — só se queixa de uma coisa: plantou mamão, com financiamento do Banco do Nordeste (BNB), mas a chuva em demasia atrapalhou os planos de colheita. ´O mamão não rende 100%. Peguei R$ 50 mil no banco e espero que as coisas melhorem´, diz. (SC).
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5. Classe média em ascensãoFormatação
Limoeiro do Norte agora é a cidade das motocicletas. A melhoria do poder aquisitivo da população proporciona um ´boom´ no consumo de bens duráveis e semiduráveis, com destaque para veículos (Foto: MELQUÍADES JÚNIOR)


O desenvolvimento da agricultura está proporcionando a
ampliação de uma classe média rural
A expansão da fruticultura irrigada, sobretudo em sistema de parcerias entre grandes e médios produtores, está proporcionando ascensão social no meio rural cearense. Uma passada rápida por Limoeiro do Norte confirma empiricamente o que os comerciantes da cidade já sentem no bolso: a força da ascendente classe média rural. ´A cidade das bicicletas hoje é a cidades das motocicletas´, comenta Vandemberk Rocha de Oliveira, gerente de Operação e Manutenção do Distrito de Irrigação Tabuleiro de Russas (Distar).
Para o engenheiro agrônomo, ´hoje, na Chapada do Apodi, tem-se uma classe média rural, sim´. Ele acrescenta que o poder de compra e a melhoria da qualidade de vida da população podem ser mensurados pelo número de motocicletas que circulam na cidade e pela quantidade de mercadinhos abertos. ´Limoeiro ganhou faculdades, tem um Centec´, reforça. Em uma única revenda de motos da cidade, chegam a ser comercializadas 50 unidades por
mês. As motos circulam no Vale do Jaguaribe.
O empresário Marcelo Gadelha, da Nolem, concorda com a chamada ascensão da classe média rural. Segundo ele, apesar da crescente mecanização, a fruticultura ainda é um segmento intensivo de mão-de-obra. ´Hoje, você mantém a população no campo, seja empregada diretamente na produção agrícola, seja nas atividades não-agrícolas geradas, como no setor de serviços e no comércio. Isso diminui o êxodo rural e o conseqüente inchaço das metrópoles´, comenta.
Boa parte da revolução no campo deve-se, conforme Oliveira, ao amadurecimento da visão empresarial do próprio agricultor, que vem aprendendo a apurar custos, precificar os produtos, entre outros. ´O pequeno produtor está mais consciente no negócio em si. O sítio não é mais visto como lazer de fim de semana´, diz. O conhecimento mínimo sobre a questão gerencial é necessário, uma vez que a agricultura é uma atividade de risco. ´Se fosse uma carteira de ação na Bolsa de Valores, eu diria que é de alto risco, pois depende do clima, das
pragas, dos custos e outros fatores´.Consumo potencialAinda longe de chegar ao paraíso, a classe média rural no Ceará responde pelo ´boom´ do consumo de eletrodomésticos, eletroeletrônicos (principalmente aparelhos celulares), veículos (sejam eles utilitários ou de passeio) e até pelo aquecimento dos negócios da construção civil. Segundo o estudo ´Brasil em Foco — IPC Target 2008´, da Target Marketing, este ano, o consumo urbano total no Ceará deve somar R$ 45,8 bilhões, ao
passo em que o rural atingirá R$ 4,0 bilhões.
Conforme a pesquisa da Target, no ranking dos 500 maiores municípios brasileiros em potencial de consumo, o Estado apresenta pelo menos oito representantes. Liderada por Fortaleza (7ª colocada nacional), a participação cearense inclui Caucaia (139º ), Juazeiro do Norte (171º), Maracanaú (193º), Sobral (228º), Crato (336º), Iguatu (415º) e Maranguape
(445º lugar). (SC)
6. FIQUE POR DENTRO
Campo aparece como celeiro de oportunidades
As grandes levas de retirantes rumo às cidades foram impulsionadas pela expansão dos empregos na construção civil e na indústria nos anos 60 e 70. A recessão nos anos 80 e os novos métodos industriais na década seguinte reduziram a procura pela mão-de-obra barata,
mas pouco qualificada, que vinha do campo.
Hoje, a agricultura moderna corta mão-de-obra no mesmo ritmo com que aumenta a produtividade. No entanto, com mesma velocidade com que desemprega, o campo brasileiro vem ficando cada vez mais próspero, desenvolvendo outras atividades produtivas.O Brasil é o maior exportador mundial de soja e suco de laranja, o terceiro em carne e frango. Só perde na produção de grãos para os Estados Unidos e a China.
CONSUMO RURAL
4 bi de reais é o quanto deve movimentar o consumo rural no Ceará este ano, contra R$ 45,8 bilhões na área urbana, segundo o estudo ´Brasil em Foco IPC Target
2008´

7. Eletrovale fornece soluções agrícolas

Formatação
Negócio que deu certo: investir em equipamentos elétricos e de irrigação levou empresa a abrir novas filiais (Foto: SILVANA TARELHO)
Há 20 anos, os irmãos Valério, Paulo Jorge e Luiz Alberto Freire Maia resolveram apostar no potencial de irrigação do Vale do Jaguaribe e abriram a Eletrovale Serviços de Engenharia LTDA. Desde então, muita coisa mudou no cenário do agronegócio. E a empresa, especializada em projetos e equipamentos elétricos e de irrigação, só ampliou seu raio de atuação, passando a contar com filiais em Marco e em Sobral.

´O Vale do Jaguaribe possui dois grandes projetos de irrigação: o Jaguaribe-Apodi e o Tabuleiro de Russas. E o potencial de mercado no nosso segmento ainda é grande, pois várias empresas agroindustriais querem se instalar aqui´, resume o engenheiro elétrico Valério Freire Maia. Luiz Alberto, emenda que a empresa familiar hoje tem 43 funcionários. Ele se orgulha de ter estudado fora — Fortaleza, São Paulo e até em Israel — mas estabeleceu o
negócio na cidade-natal.
Hoje, com a agricultura irrigada, a cidade respira outros ares. ´Mesmo o comércio funciona em função dos perímetros, em torno dessas agroindústrias. E o mercado é fruto de financiamento bancário, principalmente do BNB´, diz.

A concorrência no ramo é mundial, o que impõe desafios e reciclagem permanente. Para tanto, Luiz Alberto frisa que faz cursos em Israel a cada dois anos. ´Temos uma parceria com a empresa israelense Netafim que treina seus revendedores´, informa. (SC)

8. Agronegócio movimenta setores

Formatação
Edileuza e Marcílio viram o agronegócio como oportunidade para abrirem empresa (Foto: SILVANA TARELHO)
Cadeia que responde por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional abrange uma estrutura gigantescaDesde os produtores no campo, passando por fornecedores de insumos e equipamentos, armazenadores, processadores, distribuidores e prestadores de serviço dos mais diversos ramos, até chegar à mesa do consumidor, a cadeia do agronegócio abrange uma estrutura produtiva gigantesca. Driblando as incertezas climáticas e sazonalidade — com tecnologia e modernas técnicas de gestão e planejamento econômico-financeiro — essa cadeia responde por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Foi na esteira do crescimento do agronegócio na Chapada do Apodi que nasceu a Agrovale — fornecedora de insumos agrícolas. Localizada em Limoeiro do Norte, a 196 km de Fortaleza, a empresa atua há 16 anos. ´Desde então, a gente tem notado o crescimento do mercado agrícola como um todo´, afirmam os proprietários, Edileuza Fama e Marcílio Rangel.
Com uma carteira de 500 clientes — a maioria, pequenos e médios produtores da região —, a Agrovale comercializa fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes selecionadas outros
itens da cadeia. ´São mais de 200 itens disponíveis´, completam os empresários.
A empresa deve crescer este ano. Mas nada comparado ao bom desempenho de 2007. ´Vamos ter um impacto do aumento de preços dos fertilizantes. Tem item aqui que o custo subiu 100%´, resume Rangel. Além do crescimento da demanda no Brasil, na China, na Índia e nos Estados Unidos, alguns países deixaram de produzi-los, como a Rússia.
´O principal problema da agricultura mundial hoje é o aumento da demanda por fertilizantes. Aí, vale a lei da oferta e da procura: tem mais gente querendo comprar do que fornecedor, e o preço sobe´, completa Edileuza Fama, cuja empresa gera oito empregos.
Para Edileuza e Marcílio, a agricultura irrigada é um fator primordial para o desenvolvimento local e regional. Embora as grandes empresas atraídas pelo governo não comprem insumos no comércio da região — por questões de mercado, elas negociam direto com os fornecedores maiores. ´Mesmo assim, trouxeram o crescimento, movimentando outros setores da economia e possibilitando a difusão de tecnologia´, completam. (SC)

9. Maior produtora aposta no CE
Formatação
Carro-chefe das exportações da Nolem, o melão tem doze variedades produzidas no Ceará. A safra da fruta vai de agosto a março (Foto: SILVANA TARELHO)
A Nolem, responsável por 40% do melão exportado pelo País, emprega 1,7 mil pessoas somente no CearáA maior produtora e exportadora de melões do Brasil quer crescer ainda mais. E tem tudo para chegar lá, driblando a burocracia, o aumento de custos de produção e tantos outros gargalos que o empresariado sabe de cor. Trata-se da Nolem (do inglês melon, lido de trás para frente), empresa criada pelos irmãos André, Eduardo e Marcelo Gadelha, que trocaram as praias cariocas pelo semi-árido nordestino, em busca de oportunidades na fruticultura. Hoje, a Nolem responde
por 40% do melão exportado pelo País.
´Este ano, vamos produzir 7,5 milhões de caixas de melão e melancia, das quais 1,5 milhões a 2 milhões ficam no mercado interno´, afirma Marcelo Gadelha, que abriu uma brecha na concorridíssima agenda para atender à reportagem, na sede da empresa, em Mossoró. São oito mil hectares plantados no Rio Grande do Norte e Ceará. Terras que, em plena safra [no caso do melão, dependendo do tipo, vai de agosto a março] chegam a empregar 2,8 mil trabalhadores. Na entressafra, o número fica em 1,8 mil.
Empresa altamente tecnificada — possui parque frio para armazenagem com capacidade para 1.100 pallets; estrutura de galpões, incluindo packing, apoio, armazenagem e estoque, totalizando 34.500 metros quadrados — a Nolem ajudou a transformar os municípios de Mossoró e Baraúna e os da região vizinha do Baixo Assu em um dos maiores pólos de fruticultura do Nordeste.
Marcelo Gadelha explica que a Nolem atua no Ceará em três unidades: Terra Nova, em Quixeré; Nova Esperança, no Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas (1.800 hectares arrendados); e na Fazenda Flamengo, na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte. Foi em terras alencarinas que a empresa resolveu apostar numa joint venture (associação) com a norte-americana Fyffes, voltado-se exclusivamente para a produção de bananas para o mercado internacional. No Estado, os empregos diretos chegam a 1,7 mil.
´Produzimos no Ceará 12 variedades de melão´, comenta. Para Gadelha, o governo cearense tem feito uma boa política de incentivo à fruticultura. ´Tanto que estamos apostando no tabuleiro de Russas e fazendo parcerias´. (SC)
ENTREVISTA MARCELO GADELHA
Estado tem boa política, mas ainda restam gargalos para se resolver
Quais os principais entraves ao crescimento da fruticultura irrigada hoje?
Os gargalos maiores do setor, eu diria que são câmbio, legislação tributária brasileira — como tem muito imposto, você acaba exportando custos — aumento de preço de fertilizantes e diesel, além do chamado custo Brasil. As estradas precisam ser recuperadas. Em relação aos portos, é preciso mais agilidade e eficiência na administração dos custos portuários.Como superar esses problemas?
Tem muito gargalo que dá para resolver... No nosso caso, que somos exportadores, o governo poderia trabalhar de forma focada. Pagamos 5,3% de imposto de importação na Comunidade Européia. Isso equivale a quase 14% do valor do FOB, enquanto os concorrentes internacionais têm imposto zero. É um problema que pode ser resolvido com acordos bilaterais.A política adotada pelo Ceará tem incentivado a fruticultura?
O Estado tem feito uma boa política para a fruticultura. Tanto que estamos apostando no Tabuleiro de Russas, associados a pequenos e médios produtores. O governo cearense tem, por exemplo, se empenhado em pagar os créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) aos exportadores.
Qual o objetivo da Associação Novo Nordeste (Anne), criada pela Nolem?
O objetivo da entidade, criada há três anos, é unir o setor público e a iniciativa privada para promover em conjunto o desenvolvimento da região. Assim, trabalhamos com educação de jovens e adultos, cursos profissionalizantes e apoio social nas comunidades rurais. Os
recursos são provenientes dos sócios-fundadores.
* Sócio da Nolem
PRODUÇÃO7,5 mi de caixas de melão e melancia serão produzidas pela Nolem este ano

10. Estradas são maior gargalo

Buracos, má sinalização e insegurança prejudicam escoamento da safra (Foto: SILVANA TARELHO)
A má conservação das estradas é um entrave para a fruticultura, pois chega a aumentar em
até 30% o custo do produto.
Nem tudo são flores no caminho da fruticultura cearense. Em uma semana de entrevistas pelo Interior, de Icapuí a Limoeiro, passando inclusive por Mossoró e Baraúna, no Rio Grande do Norte, a reportagem ouviu inúmeras críticas dos produtores — pequenos, médios e grandes. A principal delas: as estradas. Intransitáveis em alguns trechos, causam danos às frutas e atrasam o envio das mercadorias ao exterior.´A má conservação das estradas é um entrave para a fruticultura, pois chega a aumentar em até 30% o custo do produto´, afirma o engenheiro agrônomo Bernardo Ehle, gerente da Banesa, em Limoeiro do Norte. No caso da banana, os machucados causados pelo impacto dos buracos fazem com que a empresa perca competitividade no mercado europeu.
Diariamente, Ehle pega a Estrada do Melão (CE 377), que liga o Ceará ao Rio Grande do Norte — parte dela inclusive é de responsabilidade do Estado vizinho. Ele trabalha na Banesa mas mora em Mossoró. O trecho — também percorrido pela reportagem — poderia ser feito em uma hora, não fossem os buracos e a má sinalização, que resultam em mais uma hora de viagem. Os problemas na rodovia motivaram uma pichação na placa de identificação: agora, é a ´estrada do buraco´.
InsegurançaUma das vantagens do Apodi em relação ao Vale do São Francisco era a segurança. ´Em Pernambuco, no trajeto de transporte da fruta, a gente pega a região perigosa do polígono da maconha. Aqui, em 15 dias, dois caminhões foram roubados. As quadrilhas utilizam a carga para esconder as drogas´, diz o agrônomo Aldair Gomes Costa, gerente Agrícola e Comercial da Frutacor.
De acordo com Quintino Vieira, superintendente do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), as principais rodovias que cortam o Estado estão passando por uma operação tapa-buraco, com recapeamento total. O objetivo é melhorar o fluxo antes do escoamento da safra 2008/2009.
´Está na previsão do Banco Interamericano de Desenvolvimento um grande investimento. São 27 trechos a serem financiados pelo BID´, completou Vieira. Ele acrescentou que a expectativa do governo é de que a licitação para estes projetos saia este mês ou, mais tardar, no começo de setembro.
Sobre a Estrada do Melão, ele disse que o trecho entre Quixeré e Bom Sucesso, com aproximadamente 30 quilômetros de extensão, vai ser beneficiado com recursos do programa Ceará III. A iniciativa toda envolve investimentos de R$ 406 milhões, sendo 80% (R$ 324,8 milhões) financiados pelo BID e R$ 81,2 milhões, de contrapartida do Estado. Os técnicos do BID inclusive já aprovaram os projetos de recuperação apresentados pelas equipes do DER. (SC).

Estrada do Cajueiro

ESTRADA DO CAJUEIRO
A conhecida Estrada do Cajueiro que liga a BR 405, no Distrito de Jucuri (Mossoró-RN) à BR 116 na Comunidade do Cajueiro (Limoeiro do Norte –CE) continua longe das prioridades dos homens públicos do RN e do CE. Em recente visita à Chapada do Apodi podemos verificar in loco as péssimas condições de trafegabilidade da Estrada, principalmente no trecho pertencente ao Estado do Rio Grande do Norte. A Estrada, no trecho Jucuri – Comunidade de Baixa Branca (Divisa com o Estado do CE) não apresenta nenhum sinal de que por lá se colocou pelo menos uma pá de piçarra nos últimos anos.
A Estrada que foi federalizada em 1o. de outubro de 2003 sob o número BR 437, continua esquecida pelos Governos dos dois Estados. Para percorrer de veículo 12 km da Estrada, na semana passada (30.08.2008) gastou-se mais de uma hora.
A seguir, mostraremos os principais aspectos que justificam a priorização do Asfaltamento da Estrada do Cajueiro:
O trecho pertencente ao RN é de apenas 32 km. 22 Km do Distrito de Jucuri ao Sítio Veneza (Baraúna) e 12 Km do Sítio Veneza à Divisa com o Estado do Ceará.
Ao longo da Estrada há diversas comunidades: Comunidade de Veneza(55 famílias), Comunidade de Boa Sorte (52 famílias), Baixa Branca (42 famílias), Lagoa do Rocha, Km 60, Meia Légua, entre outras.
A Estrada do Cajueiro serve aos assentamentos Poço Novo I (204 famílias), Poço Novo II (13 famílias), Militar (42 famílias), Santa Clara (12 famílias), Recreio (72 famílias), Santa Fé (72 famílias), Cristais (15 famílias), Ouro Verde (42 famílias), Formosa (32 famílias), Vingt Rosado (82 famílias), Baixa Verde (22 famílias), Bela Vista (20 famílias), Canaã I e II (50 famílias) e o distrito de Jucuri (800 famílias).
Uma placa afixada numa cisterna para armazenar a água de um poço construído pelo antigo IFOCS (Instituto Federal de Obras Contra as Secas) atesta a antiguidade da Estrada. Dentre outras informações a placa contém: profundidade – 127 m, ano – 1937.
No trecho do RN a estrada pode ser ligada ao município de Baraúna, um dos principais municípios produtores de melão do país, através da pavimentação asfáltica de 22 km (do Sítio Veneza a sede do município).
Na comunidade de Lagoa do Rocha está sendo implantada pela Agrícola Famosa uma grande área de Agricultura Irrigada. A empresa adquiriu uma área de 1000 hectares e já implantou 30 hectares de melão e 70 de Banana. Ambos os produtos destinam-se a atender ao mercado externo.
Em praticamente todo o trecho da Estrada do Cajueiro há água de boa qualidade e a baixa profundidade. Na maioria das áreas é fácil encontrar água a uma profundidade inferior a 100 metros e vazões acima de 80 mil litros-hora.
A Estrada é muito plana e o calcário, que em muitos trechos está aflorando, contribui para fortalecer a estrutura da estrutura da estrada.
Ao longo da Estrada do Cajueiro estão instalados diversos pequenos produtores de melancia que vendem a sua produção para as cidades de Fortaleza e Mossoró.
Os solos ao longo da Estrada do Cajueiro são de excelente qualidade para a produção de frutas, sendo que os mais profundos são adequados para culturas como banana e os mais rasos para melão e melancia.
Recentemente o Grupo Votorantim adquiriu uma área de 4 000 hectares ao longo da Estrada do Cajueiro que a partir de 2010 empregará mais de 1000 trabalhadores na produção de cimento.
Há duas importantes indústrias de calcário instaladas na região: Carbomil e Calcário do Brasil.
A estrada é bastante reta e não há necessidade de qualquer indenização de áreas.
Há poucos quilômetros da Estrada do Cajueiro a empresa Del Mont Fresh Organics Brasil implantou uma área de 3 000 hectares de Abacaxi Golden (MD2) visando ao mercado Europeu. É a maior área contínua desta fruteira do país. A pavimentação da estrada permitiria o escoamento da produção de abacaxi pelo Porto de Natal.
A Estrada do Cajueiro, se pavimentada, facilitaria o escoamento da produção agrícola (frutas, milho e feijão) do DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe – Apodi), um dos maiores perímetros irrigados do Semi-árido.
O Diário Oficial da União de 23 de agosto de 2005 publicou o Extrato do Contrato, no qual o DNIT (14ª. Unidade de Infra-estrutura Terrestre) contrata a empresa Maia Melo Engenharia Ltda pelo valor de R$ 251.958,43 para a elaboração do projeto da BR 437 RN, Trecho: BR 405 (Jucuri) – Divisa RN-CE.
A Estrada do Cajueiro é usada diariamente por ônibus que transportam trabalhadores das comunidades para as empresas de exploração de calcário e de agricultura irrigada.
A Estrada do Cajueiro liga-se a Estrada do Melão RN, cuja construção foi iniciada recentemente a partir do município de Tibau. A Estrada do Melão RN é composta dos seguintes trechos: Tibau – Pau Branco – Antiga Maisa – Baraúna – BR 437 (Estrada do Cajueiro).
A Estrada do Cajueiro também pode ser ligada à Transchapadão. A Transchapadão é uma estrada que liga o Distrito de Soledade (Apodi – RN) ao Distrito de Olho D`água da Bica (Tabuleiro do Norte). A pavimentação da Transchapadão (40 Km) já está sendo reivindicada pelo Fórum das Entidades Representativas da Sociedade Apodiense.